quinta-feira, 12 de julho de 2012

Doença


O poema é estado febril que fere dedos.
É mercúrio no termômetro da palavra,
Tóxico inalado na pele dos sentidos,
Diante dos olhos para dentro da boca.

O poema resseca-se em solilóquio
Seiva condensando perigoso deserto.
À procura de almas perdidas em desalento,
Inaugura em suor a líquida horizontalidade do verso.

O poema oferece epigramas de sinapses
Que são galáxias engolindo números e sílabas.
Martírio belicoso da fome de morder,
(onde paira o canino mistério do dente).

É desregramento milimétrico na plenitude da régua!

O poema escarnece a metafísica do silêncio
É berro onde só se ouviam células.
É curtume onde se sangravam bíblias.
Tal qual fibra contorcida em dióxido de dúvida,
É adubo e saliva e clarividência.

O poema é o vazio parindo matéria.

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