segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Berço dos Afogados


Não.
Não sei o que me fez assim:
Casa abandonada prestes a ruir...
Barco afundado no azul escuro da noite.
Entre lama e sargaço
misturo-me aos dejetos e desejos do mar que me navega,
em cujas ondas tal qual bêbado me enlaço.
E aquosamente me reafirmo: líquido, seiva, charco
lâmina de aço afogada em lágrima carmim.

2 comentários:

  1. Nâo sei se não sabemos ou se o medo do saber nos coloca grandes vendas lacradas nos olhos. Seguimos cegos, tateando feito bobos, mas sabemos sim.
    O que nos anima é o mesmo que nos afunda. Entre um fôlego, seguimos. O sol acaba a nos indicar sempre a hora do dia e por isto seguimos.
    Maravilhoso poema, Eduardo! Aliás, como sempre. Daria outro e mais outro. No momento ando um pouco silenciosa, talvez pegando um pouco o silêncio "distraído" do nosso amigo Geó. Bom, se no final, der em boa coisa, ótimo. Se não...sigamos.
    Abraço.
    Magna

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  2. Não, ninguém sabe, acho... Mas sabemos do maravilhoso poema que resultou do seu "não-saber".

    Vamos sendo conduzidos pela sua poética, por entre as abandonadas casas, restos, escombros, barcos afundados, lamaçais, e somos resgatados por um poema dessa intensidade!

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